Visita ao Museu do Homem do Nordeste

Apesar de ser uma ex-aluna de turismo e uma pessoa apaixonada pela cultura pernambucana, nunca havia ido ao museu do Homem do Nordeste (vergonha!). Mas sábado (25/01) tive a oportunidade de enfim conhecê-lo. Recomendo a todos que desejam saber um pouco mais da nossa cultura e das nossas raízes, não apenas para os pernambucanos, mas para os nordestinos e brasileiros que tiverem curiosidade. É um lugar riquíssimo de cultura.

Fui com alguns colegas da pós-graduação em Antropologia das Organizações, tivemos o auxílio de uma mediadora, funcionária do próprio museu, que nos orientou durante toda a nossa visita, explicando sobre todas obras e peças que estão em exposição.

A entrada é paga, mas nesse mês de janeiro a exposição será gratuita até o dia 31 (ótima oportunidade para conhecer). Entretanto, mesmo pagando não custa caro, pelo que me informaram é cerca de R$4,00.

É permitido fotografar, desde que o flash da câmera esteja desligado, as fotos não ficam muito boas devido a maioria dos objetos estarem atrás de vidros.

Uma coisa que eu achei bastante interessante é que cada ambiente possui caixas de som que tentam reproduzir os sons que seriam ouvidos pelas pessoas que estavam presentes no ambiente daquela época, tentando nos levar para dentro dos acontecimentos históricos. Uma parte que me chamou atenção foram os sons que remetem a um navio negreiro, era possível ouvir o barulho do mar e o som das correntes presas aos escravos. Realmente fascinante!

Logo na entrada do museu, nos deparamos com vários cubos de fotos, única parte em que o visitante pode tocar, segundo a mediadora as fotos representam as formas de ver o nordeste. Ela nos contou que geralmente pede aos visitantes para encontrar, nas fotos, o que para eles melhor representa o nordeste, pois cada pessoa tem uma maneira diferente de visualizá-lo.

É possível encontrar por lá um pouco de cada coisa sobre a nossa cultura. Abaixo algumas fotos sobre as louças usadas pelas famílias portuguesas, como escarradeiras (nojinho) e xícaras com protetor para os bigodes... hehehehe.
Vimos ainda algumas câmeras fotográficas da época, e o tão famoso lambe-lambe (uma caixa de madeira com uma lente apoiada num tripé. A câmera era dividida em duas partes, sendo que a inferior continha os dois banhos, revelador e fixador, que eram utilizados ao mesmo tempo, para o processamento químico de filmes e papéis. As fotos eram reveladas ali mesmo, quase que instantaneamente, o que dava ao fotografo uma mobilidade incrível, uma vez que não precisava mais se deslocar ao laboratório para revelar os filmes).

Existem diversas teorias sobre a origem do nome lambe-lambe, segundo uma delas, a revelação das fotos em máquinas lambe-lambe, exigia tempo mínimo de lavagem e mínima quantidade de água. Portanto, para garantir a qualidade do trabalho, os fotógrafos tocavam a língua nas fotos durante a lavagem para avaliar a qualidade da fixação e da própria lavagem.


Já que o contato com o museu é muito mais visual, vou colocar mais algumas fotos que tirei lá para vocês darem uma olhadinha, claro que o exposto aqui é muito pouco comparado ao que você encontrará por lá.

Vestes e instrumentos utilizados pelos povos indígenas.
Instrumentos de tortura utilizados na época da escravidão.
Alguns meios de comunicação e as câmeras e reprodutores de filmes da época.
Era muito comum pessoas que faziam promessas aos santos pedindo a cura de alguma enfermidade (ainda hoje existe), oferecer como gratidão pela graça alcançada a parte do corpo na qual foi obtida a graça, confeccionada em madeira ou gesso, para colocar junto ao santo para o qual foi feita a promessa, seja em um altar, gruta ou santuário . Eu sou prova viva disso porque quando tinha 4 anos e quebrei o dedo (como você pode ler aqui)minha vó fez uma promessa a Nossa Senhora de Lourdes que se eu não perdesse o dedo, ela faria uma mão de gesso para colocar na gruta onde fica a santa, aqui em Camaragibe. E assim ela fez, já que até hoje tenho meus 10 dedinhos!


Outras pessoas fazem quadros para retratar o milagre concedido. Esses quadrinhos são todos em agradecimento a Santa Quitéria, e vão desde milagre de um filho ter se livrado do alcoolismo às bênçãos concedidas a criações de porcos (quem sou eu pra julgar!).



Existe no museu ainda uma parte dedicada a retratar a vida dos sertanejos. Com alguns dos objetos e roupas utilizados por eles, bem como muitas esculturas em barro.

Por último e a título de pura curiosidade encontrei lá na exposição algumas bebidas, umas não são mais comercializadas, outras ganharam uma roupagem nova. Finalmente vi uma “tampa de crush”... hehehehe...  Relembrem junto comigo...

 
Espero que tenham gostado. O museu está reformulando algumas coisas para dar uma nova visão do nordeste aos visitantes, estão tentando quebrar os estereótipos de que aqui só tem seca, sertão e Luiz Gonzaga. Eles são importantes, é claro, mas nossa cultura é muito maior e mais rica que isso. 

Ah! já ia me esquecendo, o museu fica localizado na Av 17 de Agosto, 2187, Casa Forte, Recife-PE, CEP- 52061-540.

Beijinhos =*

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